Eu me lembro de ti...

Andar juntos pela chuva, curtir juntos uma ducha,
Recadinhos e surpresas de flores ao despertar:
São pedaços de lembranças de tudo que já vivi...
Aproveitar cada dia apenas do nosso jeito,
Deliciar-me com teus beijos, recostar-me no teu peito...
É por isso e muito mais... que eu me lembro de ti!

Trovas de Ciúmes

Trovas de ciúmes
"Dosado", o ciúme é tempero
que à afeição dá mais sabor...
Mas, levado ao exagero,
é o pior veneno do amor...

Cão de guarda, ameaçador,
a rosnar, furioso e cego
eis afinal, meu amor,
este ciúme que carrego..

Do amor e da desconfiança
infeliz casal sem lar,
nasceu o ciúme, - essa criança
tão difícil de educar...
Perigoso, onipotente,
verdadeiro ditador...
o ciúme é um cego, doente,
ou um doente, cego de amor?

Eis como o ciúme defino:
mal que faz mal sem alarde
corte de alma, muito fino,
que não se vê... mas como arde!

O ciúme, desajustado,
por louco amor concebido,
era uma amante, (coitado)
a padecer... de marido!"

( JG. de Araujo Jorge, do livro "Trevo de Quatro Versos" 1a ed. 1964 )
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Mais poemas românticos!

O Verbo Amar (J.G.Araújo Jorge)

O Verbo Amar










Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.

Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.

Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...

Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!


(Poema de JG de Araujo Jorge do livro -Bazar de Ritmos- 1935)

Luxúria

Luxúria
Oriza Martins

Quantos empolgantes desejos me assolam,
E tanto atormentam esta minh’alma espúria...
Incontido impulso, fatal, me embriaga,
Será que é paixão... será só luxúria?...

É uma vontade de sentir teu ser,
E nele vagar entre o bem e o mal...
Não pensar se é certo ou se é pecado,
Se é capital... se é original...

À vezes, em sonhos, vens ao meu encontro,
Vens me envolver em meigos carinhos,
Vens trazer-me a paz, o que mais anseio:
Nos realizarmos, ficarmos sozinhos...

De tanto querer-te, de tanto sonhar,
Compreendo, enfim, esta louca atração:
O que me leva a ti não é a luxúria,
É amor explícito, é fascinação...
















Graphic by Tina Heart

Corpo a corpo...

Corpo a corpo...
Oriza Martins













Meu ser te busca... te deseja... a ti somente,
Quer, em delírios, te sorver alegremente,
Em radiosas e sublimes alvoradas,
Palco divino de nosso íntimo drama
Que nas noites de inverno se esparrama
E nos aquece, em horas apaixonadas.

Tu me completas... como a noite e o luar,
Como as estrelas, o universo a namorar,
Quero contigo estar, te amar, eternamente,
Selar nos lábios nossa fantasia louca,
Mãos nas mãos... seio a seio, boca a boca...
Alma na alma... e corpo a corpo, finalmente.

Meu Poema Romântico

Meu Poema Romântico
Oriza Martins
Eu quis fazer um poema
Pra cantar meus sentimentos
Revelar aos quatro ventos
O quanto anseio por ti.
Um repertório de versos
Que me brotassem da alma,
Que me trouxessem a calma
Que há muito tempo perdi.

Quis desvendar em sussurros
Em gemidos, brados, prantos,
Este amor de sonhos tantos,
Secreto, não-revelado...
Grilhão de doces torturas,
Algoz, ludíbrio da mente,
De teus encantos carente,
Por desejos sufocado.


Quis compensar minhas mágoas
Com versos apaixonados,
A teu ser direcionados,
Sonhando que me ouvirás.
Derramar meu sentimento,
Paixão que jorra do peito,
Delírio que não tem jeito:
Sem ti não se satisfaz.



Quem dera pudesse unir
Nos versos, na poesia,
O prazer e a alegria,
Deste amor, realizado.
Saborear as palavras
Como um belo prato cheio,
Como em sonhos saboreio
Teu beijo tão desejado.
Mas os versos impotentes
Me saem como canção,
E, embora do coração,
Não compensam os meus ais...
São mistos de amor e medo,
Apenas um breve cântico,
Só um poema romântico,
Meus lamentos... nada mais...
Oriza Martins