O amor é um sentimento

Trovas encadeadas

O Amor é um sentimento...

O amor é um sentimento
De um amargo adocicar,
Pra minh’alma é um alento,
Faz meu peito se estufar.

Faz meu peito se estufar
Essa coisa misteriosa
Que se chama verbo amar,
Uma dor que é saborosa...

Uma dor que é saborosa:
O amor mata a solidão,
Tem o perfume da rosa
E o sabor da emoção...

O sabor da emoção
Não esqueço junca mais
Pois aquece o coração
E silencia meus ais...

Silencia os meus ais
Faz as dores esquecer,
Quero, do amor, sempre mais,
Quero amar até morrer!

Oriza Martins

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Sonhos...



Sonhos...



Quantos sonhos encontram
A realidade de uma tempestade,
Mas a afrontam
E a enfrentam com autoridade
Até que chegue a calmaria...
Quantos de nós perdemos a alegria
Ao menor sinal de tempo feio
Acovardando-se na revolta,
Culpando apenas o alheio,
Privando-se do bem como escolta?
Onde estão os corajosos?
Que fazem os poderosos?
Coragem é aceitar toda dor,
Poder é dar o próprio amor...
E os sonhos ditos no início,
Onde esperam cumprir a história?
No fundo de um precipício?
Num cantinho da memória?
Os sonhos são expressões
Da palavra conquista,
Por isso, nunca, jamais desista...

Sandro La Luna
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Ângela adônica

Ângela adônica

Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço.


Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força.


Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros.


Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.


Pablo Neruda

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O teu riso


O teu riso
Pablo Neruda


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

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Índice dos Poemas e Mensagens
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Olhos Tristes (Oriza Martins)

Olhos tristes...

Oriza Martins

Dizem que o meu semblante
Traz a tristeza no olhar,
É como tarde nublada,
É como praia sem mar...

Olhos tristes como o vento
Que aos poucos vem chegando,
Soprando um doce lamento,
Nostalgia espalhando...

Tristes como a avezinha
Que seus ovinhos perdeu
Por não conseguir salvá-los
Com as asas que Deus lhe deu...

Tristes como o saudosista
No tempo estacionado;
Não curte a vida presente,
Vive atrelado ao passado...

Tristes como a pobre alma
Que se sente abandonada,
Emaranhada nos erros
De uma vida desregrada.

***

Dizem: teus olhos são tristes...
Se o são, já sei por quê:
Eles refletem tristeza
Por eu estar sem você...


Minha Busca (Oriza Martins)

Minha busca

Busco a canção perdida no tempo,
O apelo galante do trovador,
Inspiração para minha lira,
Serena fonte que em mim transpira
Paz e ternura, fé e louvor...

Busco o céu, busco o luar,
As andorinhas do arrebol,
As florezinhas da primavera,
As esperanças da nova era,
O lusco-fusco do pôr-do-sol...

Busco o sorriso dos venturosos,
A apatia dos mal-amados,
O canto triste dos perdedores,
A alegria dos sonhadores,
Busco o desejo dos namorados...

Busco a ilusão, busco a bonança,
Busco a paixão, a fantasia,
O misticismo que d’alma jorra,
O despeitado que vai à forra,
Busco a mensagem da poesia...

Se tanto busco e busco tanto,
Tanto procuro, bem sei por quê...
Em cada verso, em cada trova,
A minha busca é minha prova:
Busco o amor... busco você!...

Oriza Martins
Jul/2007

Madrugada... (Oriza Martins)

Madrugada...


Madrugada...

Horas silentes...
A cidade adormecida
Descansa de outro dia,
Extenuante, mas palpitante de vida;
De amares, de amores,
Esperanças, frustrações...
Leitos aquecem corpos que se desejam,
Raios de luar nas ondas do mar despejam
Purpurinas espumantes,
Ecos-suspiros de amantes...
E de veladas canções...

Soluça o vento, ao bailar dos arvoredos,
Geme baixinho, sussurrando os segredos
Que emanam, murmurantes,
De sequiosos corações...

E no meu peito, meus mais secretos desejos,
Buscam do luar os flutuantes lampejos:
Participar também querem
Do festival de emoções...

És, madrugada, companheira solidária,
Dos meus anseios, a total depositária,
Dos devaneios, a cúmplice mais leal...
E, quando o sol esparrama no horizonte
Os fulgores de sua flamejante fonte,
Voltam os ritos do nosso mundo real...
Mas permaneço na minha credulidade
Que essa magia ainda será verdade...

E em breve adeus,
Num aceno de bonança,
A madrugada se vai,
Resguardando a esperança
Que nela eu sempre ponho!

É alvorada no tempo,
É despertar do meu sonho...


Oriza Martins
Jul/2007

Fim de Caso (Oriza Martins)

Fim de Caso
Fim de Caso


Tudo acabou.
Como tudo nesta vida,
A esperança – perdida;
Os desejos – sufocados;
Beijos secaram,
Palavras emudeceram,
E os sentimentos, enfim,
Quedaram... estilhaçados...

Onde ficaram os olhares desejosos,
Que trocávamos, ansiosos,
Em meio à multidão?
Mudas promessas,
Em suspiros, em sorrisos,
Cantinhos de paraísos
Que vivíamos, então?

Cadê meus sonhos,
Onde estão nossos momentos,
Esvaziei pensamentos,
Não vislumbro mais teu ser...
Como é possível tanto amor,
Tanta paixão,
Tanto desejo e emoção
Acabar, desvanecer?

Eu seguirei, seguirás,
Na estrada da saudade,
Nossos laços refazendo
Através da amizade.
Mas é difícil esquecer
Pra vida inteira
Quão profunda e verdadeira
Foi nossa cumplicidade!...

Oriza Martins
Jul/2007

Plantador de Amizades

Plantador de Amizades

Gilmar Leite

Os amigos plantados no meu peito

não são folhas levadas pelo ventos;

são raízes que vêm do sentimento

onde o tronco jamais será desfeito

.

No jardim dos sentidos não aceito

a amizade que é feita de momento;

não demora cair no esquecimento

pra murchar num roçado imperfeito

.

quando planto meu abraço fraterno,

faço o grão do afeto ser eterno

pra vingar um roçado de amizades

.

cada amigo que vinga no meu peito

foi plantado num solo sem defeito

com adubos de mil sinceridades.

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Carta para Longe...

Carta para Longe...
Florbela Espanca
O tempo vai um encanto,
A Primavera está linda,
Voltaram as andorinhas…
E tu não voltaste ainda!…
Porque me fazes sofrer?
Porque te demoras tanto?
A Primavera está linda…
O tempo vai um encanto…
Tu não sabes, meu amor,
Que, quem espera, desespera?
O tempo está um encanto…
E, vai linda a Primavera…
Há imensas andorinhas;
Cobrem a terra e o céu!
Elas voltaram aos ninhos…
Volta também para o teu!…
Adeus. Saudades do sol,
Da madressilva e da hera;
Respeitosos cumprimentos
Do tempo e da Primavera.
Mil beijos da tua querida,
Que é tua por toda a vida.